Fomentar a valorização e a preservação do patrimônio arqueológico, histórico, cultural e ambiental da Zona da Mata Mineira por meio de uma atividade extracurricular, que inclui aulas e oficinas de educação patrimonial em escolas públicas. Esse é o objetivo do projeto de extensão Compartilhando experiências: a educação patrimonial e a socialização do saber, desenvolvido desde os anos 2000 pelo Museu de Arqueologia e Etnologia Americana da Universidade Federal de Juiz de Fora (MAEA-UFJF). É das crianças participantes o papel fundamental na construção do encontro entre os saberes locais e acadêmico e na multiplicação dos resultados dessas experiências em suas comunidades.
Nesse trabalho, extensão e pesquisa se entrelaçam e geram resultados ricos tanto para a ciência quanto para as populações envolvidas nas ações. Isso ocorre porque o Compartilhando experiências é acoplado a outra iniciativa do MAEA-UFJF, o projeto Mapeamento arqueológico e cultural da Zona da Mata Mineira, que visa a identificar e registrar sítios arqueológicos da região no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), resgatar a história dos habitantes originários locais (indígenas) e de grupos invisibilizados pelas narrativas históricas tradicionais, como os africanos e seus descendentes. Outras metas são desenvolver a arqueologia e ajudar a formar futuros pesquisadores nessa e em outras áreas do conhecimento.
A partir dessa união produtiva de pesquisa e extensão, se desenvolve o projeto de educação patrimonial, com quatro módulos semanais nas escolas e ações de caráter lúdico direcionadas a estudantes do 5º ano do ensino fundamental.
O primeiro módulo é uma reflexão sobre a história do país em geral e da Zona da Mata mineira em particular, com destaque ao papel das populações indígenas e africanas. As atividades levam as crianças a conhecer a história do Brasil antes de 1500, quando chegam os portugueses. Descobrem, por exemplo, que grupos indígenas como Puri, Coroado e Coropó já habitavam a região, como atestam os sítios arqueológicos identificados e datados pelo MAEA-UFJF. Também é destacado o protagonismo de negros e indígenas na história, e a diversidade étnica, linguística, religiosa e cultural do país. A expectativa aqui é que sejam abandonadas imagens generalizadas e preconceituosas sobre indígenas e negros, e que as crianças – sujeitos ativos dos acontecimentos históricos – aprendam sobre a diversidade cultural em nosso país.
No segundo módulo, os estudantes são apresentados a uma técnica indígena de confecção de cerâmica conhecida como rolete, empregada pelos Maxakali, indígenas que vivem em Minas Gerais e tem um longo histórico de colaboração com MAEA-UFJF. Basicamente, esta técnica se constitui na elaboração de roletes (que as crianças chamam de “cobrinhas”). À medida que põem a mão na massa, as crianças percebem a complexidade na produção dessas peças, e é possível discutir a importância da cerâmica para o desenvolvimento da humanidade. São apontadas, por exemplo, as diversas formas e usos dos artefatos de cerâmica em diferentes sociedades e culturas, desde as tabuletas de escrita da Mesopotâmia até os jarros gregos e romanos, entre outros. Explica-se também que diversos povos indígenas são exímios ceramistas, criando desde grandiosas e resistentes urnas funerárias a delicados brinquedos (como as bonecas Karajá).
Nesses 20 anos, 13 municípios foram assistidos pelos projetos de pesquisa e extensão, com a identificação e registro de 32 sítios arqueológicos. As ações de educação patrimonial, até o momento, chegaram a 52 escolas públicas (a maioria municipais), envolvendo 3.750 alunos do 5º ano do ensino fundamental. O MAEA-UFJF também conta com publicações de divulgação científica na forma de gibis.
No terceiro módulo, intercala-se uma aula interativa com outra oficina: a queima das peças confeccionadas pelas crianças. Para isso, é montada uma pequena fogueira em local seguro para que as “panelinhas” e demais objetos sejam expostos à alta temperatura, a fim de adquirirem a consistência necessária ao seu uso prolongado. Os pequenos assistem à queima a partir de um lugar afastado, e como, invariavelmente, eles não conseguem dominar a técnica do rolete numa única aula, boa parte das peças se esfacela.
Na aula interativa, é demonstrado que existem diferentes formas de se explicar o mundo, como os mitos, centrais para os povos indígenas. Geralmente, escolhe-se um mito de matriz africana ou indígena para apresentar e chamar a atenção para a existência e a importância de diferentes perspectivas culturais. A partir disso, as crianças são convidadas a refletir sobre a diversidade cultural (material e imaterial) da história da região e do país.
Neste mesmo módulo, é apresentada a arqueologia – como uma ciência que busca reconstituir o passado a partir de vestígios materiais -, a carreira de arqueólogo e de outros profissionais com quem este trabalha em parceria, como antropólogos, historiadores e biólogos.
No último módulo, em outra aula interativa, os estudantes são familiarizados com a ideia de patrimônio de diferentes tipos (arqueológico, histórico, cultural, ambiental etc.). De posse de objetos trazidos de casa, que foram pedidos na fase anterior, e das peças de cerâmica que confeccionaram, as crianças expõem suas impressões sobre a oficina e as relações que mantêm com os objetos. A ideia é alargar as reflexões sobre patrimônio, fazendo um jogo de ida e vinda entre as esferas pessoal/particular e coletiva/pública, com destaque à importância da preservação, inclusive por meio do tombamento.
O projeto de educação patrimonial tem funcionado, para as crianças atendidas e suas respectivas comunidades locais, como porta de entrada para o universo da arqueologia e para novas formas de reflexão sobre o passado, as manifestações culturais e os múltiplos patrimônios (materiais e imateriais) que lhes são caros. A partir dessa aproximação, os estudantes e demais moradores dos municípios tomam a iniciativa de indicar possíveis sítios arqueológicos a serem averiguados pela equipe de pesquisadores e estagiários. Muitas vezes, essas indicações são precedidas pela apresentação de elementos materiais de toda sorte (de ferramentas de pedra a peças de cerâmica e até ossos) trazidos às escolas, junto com a indicação de moradores mais velhos que, por meio de relatos orais, ajudam a conferir novos e vibrantes matizes à história local. O retorno positivo do projeto também confere autonomia a professores na criação e inovação de abordagens para trabalharem o tema em sala de aula de forma inclusiva e participativa.
Cecília Belindo de Araújo Porto e Luciane Monteiro Oliveira
Museu de Arqueologia e Etnologia Americana
Universidade Federal de Juiz de Fora
Verlan Valle Gaspar Neto
Departamento de Direito, Humanidades e Letras
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Museu de Arqueologia e Etnologia Americana
Universidade Federal de Juiz de Fora
Análise de dados de amplo levantamento na área de saúde realizado por instituição federal de pesquisa faz alerta importante sobre estratégias de enfrentamento da covid-19 no Brasil, como o chamado isolamento vertical e a retomada das aulas em escolas e universidades.
Perguntas sobre a natureza do tempo – Ele existe? É só ilusão? Terá um fim? – são atemporais e motivaram filósofos, escritores, teólogos... Mas foi com os físicos, no século passado, que esse conceito sofreu grandes transformações.
Ganham força na ecologia os estudos das conexões indiretas entre as espécies, pouco visíveis, mas muito importantes para o funcionamento e a manutenção dos ecossistemas. Entender como se dão essas interações sutis pode ter várias aplicações na manutenção da biodiversidade.
Expedição do projeto Paleoantar recuperou na ilha centenas de exemplares da flora fossilizados, reforçando que, há cerca de 75 milhões de anos, o clima dessa região era moderado, com vegetação formada por florestas, o que contrasta com o deserto gelado dos dias de hoje.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |