Na década de 1960, os Estados Unidos e a então União Soviética, grandes rivais na Guerra Fria, estavam envolvidos na chamada corrida espacial, uma disputa pela supremacia na exploração do espaço. Em termos de astronáutica, a União Soviética foi a grande campeã dessa corrida em todos os quesitos. Colocou em órbita o primeiro satélite artificial (Sputnik, em 1957) e o primeiro satélite com um passageiro a bordo (a cadela Laika, em 1957), enviou o primeiro homem ao espaço (Yuri Gagarin, em 1961) e a primeira mulher (Valentina Tereshkova, em 1963), promoveu a primeira caminhada espacial (feita por Alexei Leonov, em 1965) e lançou a primeira estação orbital (Salyut 1, em 1971), que foi 0ocupada por seus cosmonautas.
Foi depois do feito de Gagarin que o presidente norte-americano John F. Kennedy anunciou a meta do governo dos Estados Unidos de colocar um homem na Lua até o final da década de 1960. O país investiu pesado no Projeto Mercury (1958-1961), que testou e desenvolveu a tecnologia para o Projeto Gemini (1961-1966). Este último foi um ‘ensaio’ para a missão de chegar à lua, executada pelo Projeto Apollo (1960-1972). Essa corrida solitária – os soviéticos não entraram nela – foi ‘vencida’ em 20 de julho de 1969, quando o astronauta Neil A. Armstrong se tornou o primeiro humano a pisar em solo lunar.
E é dessa conquista de Armstrong que trata o filme O primeiro homem, lançado pela Universal Pictures em 2018. Baseado na biografia oficial de Armstrong, escrita por James R. Hansen (Editora Simon & Schuster, 2005), o filme foi roteirizado por Josh Singer (ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2016, pelo filme Spotlight), dirigido e produzido pelo jovem cineasta Damien Chalize (ganhador do Oscar de Melhor Diretor e do Globo de Ouro de Melhor Diretor e Melhor Roteiro por seu filme musical La La Land, de 2016) e estrelado por Ryan Gosling (ator canadense vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia ou Musical, também por La La Land).
O primeiro homem traz os perigos, muitas vezes mortais, relacionados ao programa espacial que levou a humanidade à Lua, com riqueza de detalhes. Apesar de sabermos o final da história (sabemos que Armstrong e seus companheiros de missão, os astronautas Buzz Aldrin e Michael Collins, voltaram sãos e salvos do voo até a Lua), o filme é capaz de prender nossa atenção e nos deixar tensos em muitas cenas.
A direção de fotografia de Linus Sandgren (fotografo sueco que também trabalhou com o diretor em La La Land) às vezes nos coloca dentro das cápsulas espaciais, nos dando uma real e incômoda sensação de claustrofobia, e outras vezes nos traz para bem perto do rosto, e dos olhos, dos personagens, nos aproximando de suas emoções. As cenas dos lançamentos dos foguetes, a viagem até a Lua, o pouso do módulo lunar Eagle e as cenas na Lua nos parecem muito realistas. Não foi à toa que o filme ganhou o Oscar de Melhores Efeitos Visuais deste ano, desbancando alguns favoritos, como Jogador n.º 1 (filme de ação e ficção científica produzido e dirigido por Steven Spielberg) e Vingadores: Guerra Infinita (filme de super-heróis produzido pela Marvel Studios).
Armstrong é retratado no filme como um homem de poucas palavras, fechado em seus sentimentos, mas que sabe o que tem que fazer e faz muito bem, apesar dos perigos que normalmente enfrenta. O ator Ryan Gosling empresta ao personagem Armstrong um caráter minimalista, do mesmo modo que o fez quando interpretou o replicante K, em Blade Runner 2049, de 2017.
O núcleo familiar de Armstrong é sustentado por sua esposa Janet, vivida pela atriz britânica Claire Foy (vencedora do prêmio Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática de TV por The Crown, em 2018). Janet Armstrong é retratada como uma esposa doméstica resiliente, que sempre apoia seu marido, mas que chega ao seu limite quando o vê ‘arrumando as malas’ para ir para a Lua sem se despedir, talvez pela última vez, dos filhos. Claire Foy ganha a cena nesse momento.
O filme retrata bem o clima da época, desde a crítica da sociedade estadunidense ao enorme gasto de recursos públicos com o programa espacial até o orgulho do ‘povo americano’ pelo retorno dos astronautas depois da conquista da Lua. Os fãs de ficção científica precisam estar atentos à rápida aparição do escritor e inventor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008), autor de famosas obras de divulgação e ficção científicas, em um programa de TV de apoio ao projeto espacial dos Estados Unidos.
Uma das cenas mais esperadas do filme – pelo menos para mim – é a da primeira pegada do homem na Lua e da fala da famosa frase de Armstrong, logo depois de deixar sua marca no solo. Apesar do “grande salto para a humanidade”, ver Armstrong parado na desolação da paisagem lunar, olhando para a Terra e lembrando dos seus momentos com a família, nos faz pensar o quanto somos pequenos neste universo e o quanto temos que valorizar e cuidar deste nosso mundinho!
Eugênio Reis
Vice-coordenador nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica
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