Logo na abertura, uma grande corrente no meio do maior oceano do mundo acalma uma baleia jubarte exausta. O cetáceo acaba de ser mãe. Viajou milhares de quilômetros por mar aberto para dar à luz e estabelecer vínculos com o filhote nas águas calmas e tropicais do Pacífico. A cena reforça a riqueza viva que habita o ambiente marinho, uma diversidade sob ameaça que a série documental “Nossos oceanos”, disponível na plataforma Netflix, faz questão de relembrar.

Ao longo de cinco episódios, um dedicado a cada oceano (Pacífico, Índico, Atlântico, Ártico e Antártico), a série presenteia o espectador com imagens que mostram as maravilhas, surpresas e alegrias da vida dessa imensidão azul, com narração do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama – fundador, com Michelle Obama, da Higher Ground Productions, responsável pela produção.

A voz inconfundível do narrador certamente faz diferença e atrai holofotes ao tema, mas o maior trunfo da série é mergulhar nas particularidades de cada oceano sem perder de vista a conexão entre todos – e os riscos derivados desse desequilíbrio.

“Essa divisão (por oceanos feita na série) é interessante pois há diferenças entre os distintos ambientes, como acontece em regiões continentais. Por exemplo, encontramos diferentes espécies no oceano Antártico e no oceano Ártico, apesar de ambas as regiões terem gelo em sua paisagem”, diz a bióloga Tássia Biazon, da  .

“Mas, diferentemente do continente, a corrente oceânica global conecta todos os oceanos. Ou seja, por mais que sejam diferentes regiões, são todas unidas pela grande massa de água que se movimenta sem parar. O que acontece em um local pode interferir em outro, a curto, médio ou longo prazo”, afirma ela.

O primeiro episódio, sobre o Oceano Pacífico, aborda justamente a importância da grande corrente oceânica na abundância da vida marinha local. O Pacífico cobre quase um terço do planeta, é o lar do famoso peixe-palhaço (protagonista da animação “Procurando Nemo”) e faz parte dessa circulação de água mais poderosa da Terra.