Agroflorestas de chocolate:
doce sabor na preservação da mata atlântica?

Os sistemas agroflorestais, que combinam árvores nativas com plantações, são considerados poderosos aliados para aumentar a produção de alimentos sem ameaçar a biodiversidade, tão afetada pela agricultura convencional. Mas, apesar de as agroflorestas terem reais vantagens para a conservação, a diversidade de espécies nesses ambientes não equivale à da vegetação intacta. Estudo no sul da Bahia, por exemplo, mostra que as agroflorestas de cacau mantêm uma alta diversidade das aves da região, mas algumas espécies sofrem com a degradação, reforçando a importância da preservação da vegetação original da mata atlântica.

Um dos grandes desafios para os conservacionistas na atualidade é preservar a biodiversidade frente à crescente demanda por alimentos, uma vez que a produção agrícola representa o principal fator de degradação das florestas tropicais no mundo. Um estudo de 2010, liderado pela pesquisadora Holly Gibbs, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, demonstrou que, entre 1980 e 2000, mais de 55% das novas áreas agrícolas foram estabelecidas a partir da perda de florestas intactas. E há um agravante para reverter ou minimizar esses danos: as estratégias de reflorestamento, muitas vezes, podem ser inviáveis ou custosas demais para implementação em larga escala.

Zonas degradadas por diferentes sistemas agrícolas são o que resta de muitos ecossistemas tropicais, como a mata atlântica. Por isso, cientistas têm voltado suas atenções ao manejo ou à recuperação dessas áreas, em busca de paisagens mais amigáveis ou sustentáveis. Nesse sentido, ganham importância para a conservação de espécies os sistemas agroflorestais sombreados, nos quais as terras dedicadas ao plantio convivem com florestas raleadas (em que é retirada parte das árvores nativas), em oposição às monoculturas, em que uma única espécie substitui a vegetação original, como as plantações de eucalipto.

Joedison Rocha
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução,
Universidade Federal de Goiás

Caio Graco Machado
Laboratório de Ornitologia,
Universidade Estadual de Feira de Santana

Rudi Ricardo Laps
Laboratório de Ecologia,
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Sofia Campiolo
Departamento de Ciências Biológicas,
Universidade Estadual de Santa Cruz

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