A Organização Mundial da Saúde passou a considerar oficialmente a síndrome do burnout como uma doença ocupacional a partir de 2022. Nos últimos anos e, em especial, durante o isolamento social necessário para conter a pandemia de covid-19, falou-se mais do que nunca sobre essa desordem, caracterizada pelo esgotamento físico e mental associado ao trabalho. Professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, onde também dirige o Laboratório de Neurociência, Wagner F. Gattaz destaca que o burnout não é moda, é uma doença descrita pela primeira vez há mais de 60 anos, curiosamente, num romance do britânico Graham Greene (1904-1991). Fundador e presidente da Gattaz Health&Results, empresa voltada a programas de saúde mental para grandes corporações, o psiquiatra – membro da Academia Brasileira de Ciências – tem acompanhado de perto o tema e descarta que as formas de trabalho contemporâneas tenham aumentado os casos da doença: “O que ocorre hoje é que as empresas estão dando maior atenção, e os profissionais de saúde estão recebendo mais informações sobre saúde mental. E, portanto, melhorou o nível de reconhecimento e de diagnóstico de doenças como a depressão, a ansiedade e o próprio burnout”, explica ele, que tem se dedicado a estudos e desenvolvimento de tecnologia para diagnosticar a síndrome e identificar seus fatores de risco.