Os mapas nos contam histórias sobre as transformações na paisagem do Brasil. De uma natureza que foi perdida com o desmatamento e a expansão de cidades, agricultura, pastagem, mineração, etc., mas também de recuperação, como áreas em restauração. No monitoramento dessas mudanças, a tecnologia ganha espaço: revela o que acontece com cada vez mais precisão, agilidade e detalhes, e tornou-se essencial para pesquisadores à frente do monitoramento do uso da terra no país. São cientistas como a ecóloga Julia Shimbo, que veem no trabalho em rede multi-institucional e numa ciência aberta e acessível um caminho para um desfecho menos negativo da emergência climática mundial. 

“Vivemos um momento de transformações nos biomas, tanto no contexto de mudanças recentes de uso da terra quanto das mudanças climáticas, com aumento de eventos extremos como secas, enchentes e deslizamentos. Mas hoje contamos com uma tecnologia que permite analisar essas transformações rapidamente para trazer soluções e tomar decisões sobre o manejo sustentável dos recursos naturais com base em dados, e pensar o futuro que queremos”, afirma.

Julia faz parte dessa história desde os mapas feitos com fotografias aéreas, numa época em que imagens de satélite e softwares de computador não eram de fácil alcance. Hoje, como pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e na coordenação científica da rede MapBiomas, ela reforça que compreender essas transformações é essencial em um país em que mais de 70% das emissões de gases do efeito estufa estão associadas, justamente, a mudanças no uso da terra e agropecuária.