Nossa vida com os microrganismos

Bactérias, fungos e vírus estão entre nós, em nossas residências, nas escolas, nos locais de trabalho e em outras edificações, mas nem sempre são danosos à saúde. A chamada microbiota de ambientes construídos convive com os humanos há milhares de anos. Suas características, no entanto, foram se modificando paralelamente às transformações do estilo de vida das sociedades. Uma pesquisa compara quatro diferentes ambientes – de uma aldeia indígena a uma capital – para investigar as influências dessas mudanças nos microrganismos que convivem conosco todos os dias.

Estamos acostumados a pensar nos microrganismos como causadores de doenças. E, realmente, algumas espécies podem provocar danos à saúde. Pesquisas recentes mostram, no entanto, que muitos desses seres microscópicos vivem normalmente em contato conosco, no nosso corpo e no ambiente que nos cerca.

Nossas residências, escolas, locais de trabalhos e outras edificações são colonizados por uma grande variedade de bactérias, fungos e até vírus que formam o chamado microbioma de ambientes construídos. No mundo ocidental, estima-se que as pessoas passem em média 90% do seu tempo em espaços internos. Assim, é de se esperar que os microrganismos que compartilham esses locais conosco tenham influência em nossa saúde.


Se o conjunto de microrganismos estiver em desequilíbrio, podemos, realmente, desenvolver problemas de saúde

Mas, afinal, quais as consequências desse convívio? Para começar, não vamos, necessariamente, ficar doentes por causa disso. Muitas espécies são comensais: se beneficiam dos nossos ambientes, obtendo alimento, por exemplo, sem causar prejuízo algum para nós. Outras podem até ter efeitos positivos, como estimular o bom funcionamento do nosso sistema imunológico. Por outro lado, se o conjunto de microrganismos estiver em desequilíbrio, podemos, realmente, desenvolver problemas de saúde.

Luciana Campos Paulino
Centro de Ciências Naturais e Humanas,
Universidade Federal do ABC

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