Diretor de ‘Pantera Negra’, Ryan Coogler transforma filme de vampiros em crítica contundente à história racial dos EUA
Diretor de ‘Pantera Negra’, Ryan Coogler transforma filme de vampiros em crítica contundente à história racial dos EUA
CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Por que um vampiro é a metáfora perfeita para falar sobre a história racial dos Estados Unidos? Estreou nos cinemas e recentemente chegou ao streaming (HBO Max) o filme “Pecadores”, dirigido por Ryan Coogler, aclamado cineasta responsável por “Pantera Negra” (2018). À primeira vista, trata-se de um filme de ação com vampiros e cenas eletrizantes. Mas Coogler nos oferece algo muito mais denso: uma alegoria crítica sobre a formação dos Estados Unidos, onde a violência fundadora, o racismo e a exclusão de corpos não brancos são lidos através da lente do horror.
O blues, elemento central na narrativa, não apenas embala a trilha sonora como configura a alma do filme. Originado na dor e na resistência dos afro-americanos, o blues guia os protagonistas Stack e Smoke – gêmeos interpretados por Michael B. Jordan –, molda o espaço simbólico do juke joint (estabelecimento social típico do Sul dos EUA) e evoca, por meio do guitarrista Sammie (Miles Caton), a ancestralidade dos griôs africanos, guardiões da memória e da cultura oral de seus povos.
A música, como em outras tradições da diáspora negra, é mais do que estética: é a ferramenta de sobrevivência e comunicação espiritual. A revelação de que os irmãos foram inspirados nos Ibeji, divindades iorubás ligadas à dualidade, à proteção e à travessura, reforça essa dimensão cosmológica da narrativa. Seu elo é místico, coletivo – o oposto da lógica individualista e predatória dos vampiros brancos.
Esses vampiros, especialmente o vilão irlandês, funcionam como alegorias do poder colonial: são parasitas que desejam entrar nas residências, mas apenas com “permissão;” que seduzem, consomem e descartam. Representam elites brancas que se apropriam da cultura negra enquanto marginalizam seus corpos. A festa no clube se torna metáfora da cultura negra como espaço de prazer e invenção, mas também de medo e controle. O vampiro irlandês, figura paradoxal da imigração branca que um dia foi oprimida, aqui assume o papel do fascista ressentido que guarda com violência a “ordem racial.”
As camadas simbólicas se multiplicam. Os povos originários aparecem como observadores atentos que alertam para o perigo, mas não são ouvidos – uma metáfora da exclusão histórica e da resistência silenciada. Já o casal chinês Bo e Grace (interpretados por Yao e Li Jun Li) transita entre os mundos branco e negro, representando outras formas de exclusão e pertencimento. Sua dança ritual durante a cena “I lied to you” é mais do que belo movimento: é um gesto de tradução cultural e afirmação da própria diáspora.
A música, como em outras tradições da diáspora negra, é mais do que estética: é a ferramenta de sobrevivência e comunicação espiritual
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