Saúde de brasileiros negros em tempos de covid-19

A crise sanitária desencadeada pela pandemia de covid-19 ressaltou as profundas desigualdades étnico-raciais em matéria de saúde no Brasil e no mundo. Diante desse panorama, pesquisadores e instituições governamentais de fomento à pesquisa brasileiras encontram-se desafiados a eliminar o viés eurocêntrico dos estudos biomédicos e efetivar a equidade em saúde no dia a dia de sua população.

Em 2006, o Sistema Único de Saúde (SUS) implementou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), formulada por ativistas e intelectuais negros. Produto de décadas de luta, a PNSIPN tem como principal objetivo a desconstrução do racismo institucional que os negros enfrentam ao utilizar o SUS e a inclusão das práticas de cura de matriz afro-brasileira na saúde pública, efetivando, na prática, a equidade em saúde.

Outro ponto importante coberto pela PNSIPN é o incentivo à produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra. A implementação da lei, entretanto, não está livre das barreiras impostas pelo racismo, como apontam Andrea Maila Voss Kominek e Ana Crhistina Vanali, organizadoras do livro Roteiros temáticos da diáspora: caminhos para o enfrentamento ao racismo no Brasil, de 2018.

O advogado, filósofo e professor Silvio Almeida define em seu livro Racismo estrutural, de 2019, três níveis de expressão do racismo na sociedade: o individual, que se reconhece por atos de preconceito contra o indivíduo; o estrutural, que, fundamentado em uma sociedade racista, tem um caráter político e é exercido por meio de práticas sociais e institucionais que atuam na imposição de regras e padrões sociais que atribuem privilégios a um grupo não racializado (aos brancos, no caso brasileiro); e, por último, essas práticas se traduzem no racismo institucional, originando desvantagens para o grupo discriminado.

Iriel A. Joerin Luque
Marcia Holsbach Beltrame
Programa de Pós-graduação em Genética
Laboratório de Genética Molecular Humana
Universidade Federal do Paraná

Claudemira Vieira Gusmão Lopes
Câmara de Educação do Campo
Universidade Federal do Paraná

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Para acessar este ou outros conteúdos exclusivos por favor faça Login ou Assine a Ciência Hoje.

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

614_256 att-66797
614_256 att-66772
614_256 att-27650
614_256 att-66027
614_256 att-66018
614_256 att-66550
614_256 att-66241
614_256 att-66197
614_256 att-65969
614_256 att-66497
614_256 att-65141
614_256 att-64598
614_256 att-64501
614_256 att-64567
614_256 att-61534

Outros conteúdos nesta categoria

725_480 att-81551
725_480 att-79624
725_480 att-79058
725_480 att-79037
725_480 att-79219
725_480 att-90638
725_480 att-90796
725_480 att-90686
725_480 att-90612
725_480 att-90212
725_480 att-90189
725_480 att-90203
725_480 att-90172
725_480 att-89383
725_480 att-89442