Todos os meus alunos têm que aprender – não há exceções. Este o princípio básico do meu trabalho como educador de matemática no ensino fundamental. Os estudantes chegam com conhecimentos muito diferentes. Por isso, escuto suas expectativas de aprendizagens e procuro trabalhar para que aprendam, respeitando suas individualidades e diferenças. E foi assim, num exercício de escuta, que começou o projeto desenvolvido na Escola Municipal Francis Hime, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, que, depois, foi contemplado com os prêmios Educador Nota 10 e Shell de Educação Científica.
O ponto de partida foi a construção de um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida, próximo à escola, que tinha chamado a atenção dos alunos. Decidi aproveitar essa curiosidade para trabalhar vários conteúdos a partir de questões trazidas pela própria turma. O objetivo do projeto era a construção da maquete de uma casa totalmente imaginada e planejada por eles. Mas, para isso, eles precisavam passar por várias etapas de aprendizado, que foram sustentadas pelas seguintes ações pedagógicas.
Os mapas e outras representações gráficas são muito importantes para geografia, pois toda vez que precisamos compreender o comportamento de fenômenos que ocorrem sobre a superfície terrestre ou, até mesmo a razão que justifica a localização de algum objeto sobre a Terra, precisamos fazer uso das representações cartográficas.
Mapas, cartas, imagens de satélite, croquis e outros vários recursos da cartografia oferecem a possibilidade de analisar eventos em diferentes escalas, temporalidades e, também, complexidades. Sob essa perspectiva, os atlas, que podem ser entendidos como conjuntos de mapas para fins específicos, crescem em importância.
Eles também tinham curiosidade sobre quanto se gastaria com a casa imaginada. Então, foi sugerido que visitassem lojas da região e verificassem os preços dos materiais necessários. Para tabular os custos, usaram planilhas eletrônicas, mostrando como seus comandos podiam facilitar a organização e as contas.
Esse percurso, desde as visitas às lojas de materiais de construção até as discussões em grupos sobre avaliação de custo versus qualidade, estimulou o trabalho coletivo, além de desenvolver a organização de dados e o raciocínio lógico. Para destacar a importância de conhecimento de diversas naturezas e para valorizar diferentes profissionais, como pedreiros, ajudantes, engenheiros e arquitetos, outra tarefa foi entrevistar um desses profissionais.
Em todo esse processo, surgiu um imprevisto: a dificuldade de alguns alunos em operar com números racionais. Esse episódio mostrou a importância de o planejamento partir da atenção e da consideração das necessidades de cada grupo de alunos.
O projeto culminou com uma apresentação dos trabalhos, com vídeos de todos os grupos, contendo todas as etapas, mostrando o fortalecimento de vínculos entre os alunos, desses com o professor e com o processo de aprendizagem.
A ideia do projeto sempre foi, sobretudo, criar um ambiente educativo de socialização, estimulando a colaboração, o trabalho em coletividade, a ética, a solidariedade, a empatia e a importância ouvir vários pontos de vista e opiniões – bem como valorizar profissões diversas e reconhecer a importância de projetos sociais públicos em um mundo democrático e sustentável. Assim, buscamos uma educação pela e para além da matemática – uma educação libertadora, empoderadora e inclusiva.
Para finalizar, era muito importante refletir sobre tudo que foi aprendido, tomar consciência, se apropriar do conhecimento. Então pedi aos alunos uma autoavaliação, em que eles descreveram as dificuldades enfrentadas, as aprendizagens construídas e observaram a Matemática presente. Os resultados do projeto
são expressos nas autoavaliações dos alunos.
Trecho da autoavaliação de um dos estudantes que participaram do projeto (Reprodução)
Aprendi que nossos alunos nos surpreendem quando os colocamos no papel de investigadores, de construtores dos próprios conhecimentos e de coautores das próprias aprendizagens. Por exemplo, quando ao final da execução de cada etapa do projeto, fazíamos uma análise e reflexão sobre os resultados obtidos, os estudantes eram os protagonistas. Eram eles que sistematizavam e internalizavam suas aprendizagens a partir das ideias construídas e compartilhadas. Explorar a matemática desvelando processos envolvidos em elementos familiares aos alunos – como prédios, estradas, funcionamento de aparelhos e jogos eletrônicos, marés e ondas do mar, estações do ano e fases da lua – pode produzir aprendizagens mais significativas, em que eles se sentem participantes da construção do conhecimento, e, assim, fortalecem a autoestima. Como educador, acredito em uma educação que transforme o país e que mude a vida de milhões de pessoas para melhor, que produza bem-estar social para toda a população. Assim, o desenvolvimento de um projeto de educação a partir do programa “Minha Casa, Minha Vida” tem, ainda, a fundamental importância de trazer para a escola a discussão sobre políticas públicas voltadas para a redução de desigualdades sociais.
Luiz Felipe Lins
Professor de Matemática
Município do Rio de Janeiro
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