A educação básica brasileira tem uma série de desafios. Abordamos aqui três deles, relacionados à formação do(a) professor(a): estreitar o diálogo entre a prática de lecionar e a formação acadêmica, legitimar o papel da prática na produção de conhecimento sobre o ensino, e, por fim, aplicar os resultados de pesquisa científica em educação matemática a ações e propostas de ensino que alcancem a sala de aula. Contribuir para o enfrentamento dessas três questões é a meta do projeto Livro Aberto de Matemática, uma iniciativa da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
O Livro Aberto de Matemática (LAM) vai muito além de uma publicação. É um projeto que visa a desenvolver materiais didáticos para educação básica com licença aberta do tipo Creative Commons, que garante direito de visualização, distribuição e derivação do conteúdo desde que as reproduções usem a mesma licença e não tenham fins comerciais. A iniciativa é resultado da colaboração entre professores de matemática e de estatística do ensino superior e da educação básica.
Como princípio do projeto, o material didático produzido deve ter as seguintes características: ser ancorado e acompanhado por pesquisa científica; ter conexão com a prática, reconhecendo os saberes emergentes da prática na educação básica, e contribuir para a formação e o desenvolvimento profissional de professores.
O projeto teve início em 2016 com uma etapa piloto, que deu origem ao livro “Frações no Ensino Fundamental”. Em 2017, com o apoio da Fundação Itaú Social, foi iniciada a etapa voltada ao ensino médio e organizada por assuntos, com módulos didáticos, dirigidos a estudantes, e com os respectivos textos complementares, dirigidos a professores e formadores. A redação do material foi concluída em 2020. Entretanto, o fechamento dos módulos deve se estender até o final de 2021, prazo previsto para a conclusão das etapas de revisão e avaliação.
Todo o material é elaborado por uma equipe formada por professores da educação básica e superior, representando unidades escolares das diversas redes de ensino e de 19 licenciaturas em Matemática de quatro regiões administrativas do Brasil. São 34 autores e 10 revisores trabalhando colaborativamente. Visando à unidade do conteúdo produzido e à do grupo, são realizadas reuniões gerais quinzenais para apresentação e discussão da produção em suas diferentes etapas e para o desenvolvimento do estudo de referências.
Ainda que não se tenha alcançado a etapa conclusiva, os depoimentos dos integrantes e os dados coletados apontam que a discussão coletiva tem contribuído para o desenvolvimento do conhecimento de matemática para o ensino, necessário e próprio do professor, de todos os integrantes, sinalizando impacto inclusive nas licenciaturas representadas.
Para elaborar os capítulos de cada módulo, a metodologia do LAM começa com um estudo para planejar, em detalhes, a abordagem pretendida, é a Unidade Curricular. Nesse estudo, distinguem-se a relevância do ensino do tema para a formação do indivíduo; possíveis aplicações e relações com áreas diversas do conhecimento; objetivos de aprendizado, obstáculos de aprendizagem identificados na literatura científica, sequência e encadeamento progressivo da abordagem; formas de avaliar e acompanhar o aprendizado.
Depois que a Unidade Curricular é discutida e aprovada pelo grupo, dá-se início à redação do material didático. Essa organização promove uma reflexão mais aprofundada sobre o tema e sobre o ensino deste, o que contribui para uma abordagem inovadora.
Os autores fundamentam suas escolhas em resultados de pesquisa em educação matemática. Dessa forma, o material frequentemente reproduz atividades que balizam artigos científicos. É reconhecido que algumas pesquisas, apesar de terem a atividade prática do docente como campo de investigação, raramente alcançam o professor da educação básica ou mesmo a própria sala de aula. A metodologia de elaboração, ancorada em referências científicas, procura intervir nesse cenário – e também é uma forma de dar identidade ao material. Temos observado que essa dinâmica de discussão tem inspirado novas práticas e perspectivas nos diferentes cursos de licenciaturas representados pelos integrantes da equipe.
O processo de elaboração dos capítulos e dos módulos não se encerra com a redação. São realizadas ainda as seguintes etapas: revisão do texto por professores de matemática de diversas regiões do Brasil, com a finalidade de oferecer um panorama da percepção do material pela comunidade; oficinas com professores da educação básica para que os autores recebam uma avaliação preliminar de todo o material – inclusive do texto destinado aos docentes – e, também, para contribuir com o desenvolvimento profissional dos professores participantes; e implementação teste por meio de um curso em que professores da educação básica são convidados a implementar o material em salas de aula e a produzirem uma avaliação crítica do conteúdo na prática.
Esses cursos levam os participantes a terem um olhar investigativo sobre sua própria prática docente. Assim, são esperadas sugestões, identificação de eventuais dificuldades no uso do módulo, indicação de correções etc. Essas etapas legitimam a prática como espaço de produção de conhecimento e dão protagonismo à autoridade do professor. Um capítulo do LAM só tem uma versão considerada pronta para publicação quando todas essas etapas são cumpridas.
A produção do Livro Aberto de Matemática é amparada por uma plataforma digital desenvolvida especificamente para o projeto. O ambiente virtual sustenta o processo de elaboração do conteúdo, oferece acesso público ao material enquanto está sendo elaborado e permite que visitantes façam sugestões de alteração e que criem suas próprias versões do livro. O ambiente virtual também estimula a discussão entre docentes, pois conta com um fórum de debate próprio para esse fim.
O material disponível pode ser acessado pelos visitantes, em PDF e em HTML, e o código fonte também está disponível. A comunidade pode colaborar, inclusive propondo atividades e conteúdo. O texto é vivo, em permanente desenvolvimento e pode ser aprimorado e adequado a partir da implementação. Tanto a plataforma quanto a documentação do projeto estão licenciados de forma aberta visando a encorajar o desenvolvimento de projetos parceiros, também em outras disciplinas.
Leticia Rangel
Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
e Associação Livro Aberto
Fabio Simas
Escola de Matemática da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
e Associação Livro Aberto
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Daniela Freddo
O site do livro está fora do ar, vocês sabem se o projeto teve continuidade?