Quanto custa sustentar a sua vida? Desde alimentos, vestimentas, medicamentos, combustíveis a produtos eletrônicos? Seja qual for a média estimada, a conta é sempre paga pela natureza, o que inclui o oceano
CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK
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Cada pessoa usufrui de diferentes bens e serviços ao longo de sua existência. Logo, o que se paga para sustentar cada vida é algo variável. Mas, seja qual for o custo, sua origem é sempre a mesma: a natureza. Com toda a sua diversidade, é ela que nos oferece recursos (madeira, água, alimento…) e serviços ecossistêmicos dos quais nos beneficiamos (regulação climática, controle de doenças, depuração de poluentes…). Essa análise simples e rápida ilustra a impossibilidade de se sustentar a vida no planeta sem a natureza.
Em 2014, os valores dos serviços ecossistêmicos do planeta foram estimados entre US$ 125 trilhões e US$ 145 trilhões por ano, sendo que cerca de 60% deste total são providos pelas zonas costeiras e oceânicas. Se precisássemos pagar por tudo isso, seria impossível, porque o Produto Interno Bruto do planeta em 2014 somava apenas US$ 79 trilhões. Dentre os benefícios avaliados estão as atividades econômicas que a sociedade desenvolve com base no mar, a chamada economia do mar. Assim, além de nos prover um banho restaurador, o mar é a fonte de diferentes recursos naturais classificados em ‘vivos’ e ‘não vivos’; ‘renováveis’ e ‘não renováveis’.
Os recursos vivos estão associados diretamente à biodiversidade, como os recursos pesqueiros e os biotecnológicos. Os recursos não vivos, por sua vez, compreendem minérios e variadas fontes de energia. Sobre os recursos renováveis e não renováveis, a principal diferença entre eles é a escala de tempo de sua produção ou sua capacidade de regeneração. Enquanto os renováveis são produzidos ou se recuperam em um período que os humanos conseguem registrar – como recursos pesqueiros, água e madeira –, os não renováveis têm um tempo de formação lento, que ultrapassa muito a escala de tempo da vida humana – como recursos minerais, petróleo e gás natural.
A divisão dos serviços ecossistêmicos se dá entre regulação e suporte; culturais e provisão. Os serviços culturais são condições não materiais que beneficiam as pessoas. Estão subdivididos em valores simbólicos e estéticos, que se relacionam à exaltação de paisagens (como sentir a brisa do mar), hábitats ou espécies; recreação e turismo (como praticar o surfe ou mergulho); e efeitos cognitivos, que se relacionam à percepção do quanto o ambiente marinho influencia a ciência e a humanidade (como as expedições para desvendar a biodiversidade em grandes profundezas).
Os serviços de provisão podem ser subdivididos em provisão de alimentos, armazenamento e abastecimento de água, materiais biotecnológicos e biocombustíveis. O alimento pode ser obtido por meio dos diferentes tipos de pesca ou da aquicultura. Sobre a água, o oceano contém quase toda a água do planeta (97%), a qual pode ser captada e depois processada em usinas de dessalinização. Quanto aos produtos biotecnológicos, incluem, por exemplo, medicamentos, cosméticos, farinha de peixe e algas. Em relação aos biocombustíveis, a energia pode ser gerada a partir da madeira de manguezais e insumos extraídos de algas, mas também a partir do vento, ondas e marés.
Podemos considerar que os serviços de regulação e suporte são os mais importantes. Isso porque eles regulam o clima do planeta – em síntese, o oceano faz trocas gasosas com a atmosfera e boa parte do carbono atmosférico é dissolvida na água do mar e é armazenada na biodiversidade ou no sedimento marinho. Além disso, as correntes oceânicas absorvem calor da atmosfera e o distribuem dos trópicos aos polos, contribuindo para amenizar o clima global, reduzindo o efeito estufa.
De forma semelhante, esses serviços promovem a purificação da água por meio de processos como diluição, oxigenação, filtração, remineralização e decomposição de materiais. Os manguezais, por exemplo, zonas de transição dos rios com os mares, realizam o aprisionamento de sedimento, matéria orgânica e até mesmo poluentes. Além disso, ambientes costeiros funcionam como berçários para peixes e invertebrados.
Estejamos nós perto ou longe do oceano, todos nos beneficiamos extremamente dos bens e serviços advindos dele. Conhecer a fundo essa relação tão intrínseca entre nós e o oceano é o primeiro passo para que possamos garantir que todos esses valores não se percam.
Tássia Biazon e Alexander Turra
Cátedra UNESCO para Sustentabilidade dos Oceanos
Universidade de São Paulo
*A coluna Cultura Oceânica é uma parceria do Instituto Ciência Hoje com a Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano da Universidade de São Paulo.
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